O livro é uma viagem do autor pela doença, desde os primeiros casos conhecidos da POC, passando por artigos, os mais aberrantes casos, as mais recentes investigações científicas e muito da sua vivência pessoal relacionada com a doença, tentando mostrar o quanto esta é complexa e vai muito além da ideia estereotipada do obsessivo-compulsivo como o que lava as mãos até sangrar e arruma as camisas e cuecas por dias da semana. Diz ele que é tão útil dizer a um obsessivo que os seus medos são irrealizáveis, quanto dizer a um depressivo para se animar. Explica como os seus pensamentos obsessivos sobre o receio de apanhar HIV nas situações mais caricatas se tornam o foco da sua vida que acaba por decorrer em piloto automático e como as compulsões se tornam insuportáveis depois do nascimento da filha.
Contudo faltou-lhe (para mim) um ponto de vista mais psicodinâmico (ficou-se pelo Freud, com quem é extremamente fácil embirrar por variados motivos, sobretudo se nunca tivermos em conta que as suas conclusões têm mais de 100 anos) e simbólico, porque assim parece que o livro acaba com uma certa descrença e fatalismo, como se todos os doentes mentais (conceito já de si muito subjectivo) tivessem nascido com um fusível estragado no cérebro e que é uma coisa que lhes aconteceu e pronto, alguém agora tem que inventar um medicamento para os arranjar.
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